
Cinquenta e sete trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em duas fazendas localizadas no interior da Bahia entre os dias 8 e esta quarta-feira (18). As ações ocorreram nos municípios de Gentio do Ouro e Várzea Nova, em áreas de cultivo de carnaúba e sisal, e foram coordenadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Em Gentio do Ouro, 42 pessoas trabalhavam sem equipamentos de proteção, sem acesso a banheiros e com água armazenada em galões reutilizados de produtos químicos como Zarpan e peróxido de hidrogênio. Os alojamentos improvisados reuniam redes armadas entre colunas e sacarias de sisal, caixas e botijões, sem estrutura adequada. Para o banho, havia apenas um cano; as necessidades fisiológicas eram feitas no mato.
Já em Várzea Nova, foram encontrados 15 trabalhadores operando máquinas perigosas descalços ou com sacolas plásticas nos pés. Um deles já havia perdido dois dedos durante o corte do sisal. O grupo recebia R$ 250 por semana — abaixo do salário mínimo — e dormia sobre papelões, espumas e sacos no chão. A água era armazenada de forma precária, e os alimentos ficavam no chão, com carne pendurada exposta a moscas por falta de refrigeração.
Segundo o MTE, foram pagas parcialmente verbas rescisórias que somam R$ 380 mil. Os donos das fazendas foram notificados a regularizar os contratos e recolher encargos trabalhistas. Também foram assinados Termos de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública da União para garantir o pagamento de valores devidos, inclusive por danos morais.
Os trabalhadores resgatados terão direito a três parcelas de seguro-desemprego e foram encaminhados aos serviços de assistência social.
Foto: Reprodução/MTE